31 dezembro 2007

NAMORADO

"Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e, quando se chega ao lado dele, a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção.
A proteção não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.
ENLOU-CRESÇA."

Texto de Carlos Drumond de Andrade

Não sei mais fazer poemas...

Eu adoro fazer poema
Ainda mais quando me coloco na cena

Antes eu tinha mais facilidade
Hoje acho que não sei viver nessa realidade

Eu era mais doce e emotiva
Não sei fazer poemas
Meu Deus não sou criativa?

Porque será? Talvez muita saudade?
Sei não...
Acho que é inutilidade

O que será de mim sem uma pequena,qualquer rima?
Ah qualquer coisa saio correndo e jogo tudo pra cima

Mas e aqueles que gostam ou mentem que gostam dos meu poeminhas?
Falarão pra eu ter calma...
Como eu sou bobinha

Ai não quero ter que sofrer de amor pra fazer arte
Os poemas vem da alegria
Sim,o amor faz parte

A minha última declaração é que estou obviamente presa com liberdade
E isso tudo me traz uma avassaladora felicidade

Enfim não sei mais fazer poemas...
Me ajudem...
Nem que seja com rimas pequenas!

05 dezembro 2007

Ai saudade!

saudade daí
saudade do que deixei
saudade do que podia ter
saudade do pouco que tive
saudade do melhor que me deram
saudade do junto
saudade do diferente
saudade...

ps: o cantinho melhor que eu ainda vou voltar!

01 dezembro 2007

Não discuta com o tal do tempo

Cheguei e nem te vi
Tava chorando e assustada
Um pouco preocupada

O lugar movimentado
Olhei ao lado
Você ocupado

Sou decidida
A sua frente
A velha desculpa foi a pedida

As coisas acontecem como devem acontecer
No tempo que tem que ser
E não adianta se perguntar porque

O bom é aproveitar o momento
E dar aquele beijo,aquele sabe
De parar o tempo

Aproveitar a companhia engraçada
Feia,gorda e fedida
Hum,cheirinho no pescoço
Já nem sei de nada

Que uma boa noite você possa ter
Odeio despedida,pois é
"Valeu a pena te conhecer"

Fer Escouto